sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

.: Balanço :.

31 de dezembro de 2010.
Quando olhei a data de hoje, minha mente fez um passeio pelo tempo. Como a velocidade da luz, as histórias se passaram como um flash.
Natural fazer um balanço do ano quando olho para trás. Claro que, como já esperava, olhar pra trás não me fez bem, lembrar de como me tornei o que sou hoje, do que sofri e quase padeci só me fez o coração sair do seu ritmo normal. Não... Não gosto de olhar e ver o que passou.
Mas uma coisa é certa. Hoje dou maior valor àqueles que me aceitam como sou. Que gostam de mim, independente do que digo ou faço. Que me apoiam e que me fazem SORRIR. Dou muito mais valor ao sorriso do que dava a 1 ano atrás.
Hoje, ao olhar atrás, posso agradecer. Todos os momentos que respiro, sou agradecida a D-s por me livrar do mal e me manter com vida. Agradecida por conservar em minha vida pessoas que me colocam pra cima, que me valorizam, que transformam minha vida em luz. Agradecida pelos novos amigos, pelo trabalho [mesmo não sendo aquele dos sonhos], pelas viagens, por ter me dado a condição de trocar completamente meu guarda-roupa [mesmo forçosamente.. rs..]... Enfim, termino o ano com saldo positivo. Recebi muito mais do que pedi.
Agradeço a D-s por me dar a promessa de que Ele cura. E que me AMA incondicionalmente.
Agradeço a D-s por SOBREVIVER!
E que venha 2011!!!

Feliz Ano Novo a Todos!

A.

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

.: O Anjo do Anjo :.


Rafael é o nome de um anjo que conheci esse semestre na faculdade. Em comum, tínhamos uma grade especial, o que nos dava a oportunidade de assistir a mesma aula duas vezes por semana.
A princípio só conversávamos sobre a matéria, mas aos poucos os assuntos foram variando.
Descobri naquele menino sério um homem divertido e cheio de graça.
Ficamos bem folgados um com o outro, ora brigando de brincadeira cortando relações, ora “xingando”, ora jogando jogo da velha ou fazendo gracinhas durante a aula. Depois de certo tempo começamos a nos encontrar não apenas durante as aulas, mas também nos intervalos apenas pra rir mais um pouquinho. Trocamos e-mails e telefones e quando percebemos, já compartilhávamos conversas de família e trabalho.
Apesar dessa intimidade que desenvolvemos, ele jamais tentou me beijar ou fez qualquer graça referente a isso , e acho isso fantástico! O máximo que fez foi pegar minha mão comparando nossas cores.
Semana passada terminamos a apresentação do nosso seminário bem tarde na faculdade. Chovia e a rua estava deserta, por isso ele me acompanhou até o metrô de braços dados debaixo do guarda-chuva. A maioria dos caras que conheço teria se aproveitado da situação, mas ele não o fez. Me levou até o vagão do metrô, me deu um beijo na testa e foi embora.
Ele, o menino com nome de anjo, sem sequer ter me beijado, me chamou de futura namorada. Ele não me beijou, mas diz que vai emoldurar o papel que nos levou a nos conhecermos pra mostrar aos nossos filhos o dia que a mãe dele o ignorou. Aquele anjo que me aguentou em momentos de tensão e queda, hoje cutuca minha barriga perguntando se cabe gêmeos ali dentro porque tem vários casos em sua família. Um anjo que me respeita e cuida de mim acima de tudo. Que sabe das minhas dificuldades e medos, mas me dá força e me apoia dizendo que já passou. Que não se importa em me ouvir falando desse ou daquele homem porque “confia no seu taco”. Que enche minha caixa de e-mails dizendo que é irresistível e delicioso... rs...
Meu anjo que me chama de anjo, obrigada por me devolver o sorriso e a alegria de viver. Obrigada por preencher meus dias com sua alegria e sorriso contagiante. Obrigada pelo carinho e respeito. Obrigada pelos “jantares”, doces, trabalhos e momentos compartilhados. Obrigada pelo “boa noite” diário no msn e o “bom dia” sempre empolgado nos e-mails.
Obrigada por existir e por fazer parte da minha vida.
Obrigada meu anjo Rafael, por me fazer o anjo do meu anjo.

by A.

domingo, 28 de novembro de 2010

.: E se... :.

... e se eu desse uma folha em branco, o que você faria?
... e se eu desse meu tempo, o que você faria?
... e se eu desse uma chance, o que você faria?
... e se eu desse meus dias, o que você faria?
... e se eu te desse meu sorriso, o que você faria?
... e se eu te desse minhas lágrimas, o que você faria?
... e se eu desse a minha vida, o que você faria?

É ilusão, é ilusão, diz o Sábio. Tudo é ilusão
A gente gasta a vida trabalhando, se esforçando e afinal, que vantagem leva em tudo isso?
Pessoas nascem, pessoas morrem, mas o mundo continua o mesmo. O sol continua a nascer e a se pôr, e volta ao seu lugar para começar tudo outra vez...
[Eclesiastes 1: 2-5]

... se eu desse aquilo que realmente sou, acha mesmo que valeria a pena?


By A.

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

.: E :.


... E ao se despedir, quando lhe beijou a testa, soube que ele não era como os outros...

domingo, 7 de novembro de 2010

Flores


- Por que nunca me mandou flores?
- Porque eu não gosto de você.
- Tudo bem, acho que as flores não se importariam.

(Charlie Brown)

domingo, 24 de outubro de 2010

.: O Sorvete (O Que Não Entendo) :.

Você namora uma ex- gordinha e ela luta pra manter a linha, mas há algo que ela tem uma certa dificuldade em deixar: sorvete. Ela sabe que é gostoso, mas que tomar sorvete não é pra qualquer hora, toda vez que sente vontade. Ela resiste por bastante tempo, mas num momento de fraqueza, toma.
Como qualquer pessoa que está tentando emagrecer, ou simplesmente tentando não voltar a engordar, ela se arrepende, chora, diz que não vai tomar sorvete de novo e você, como bom namorado, diz que vai ajudar. Propõe uma dieta que ela acha interessante e que acredita que vai resolver seu problema com sorvete. E então começa a “maratona”. Vocês pensam que a dieta está sendo um sucesso. Ela não toma mais sorvete e você, por consequência, também não. Os dois já estão com a silhueta mais fina. De certa forma, ela se sente vitoriosa e a pessoa mais importante do mundo pois tem você pra ajudar e apoiar. Ela sente que pode contar com você e que você é a melhor coisa que já aconteceu em sua vida por ajuda-la tanto.
Um dia você a convida pra sair. Passeiam pelo shopping, vêem vitrines, livros, conversam... Tudo parece perfeito, embora ela se sinta temerosa por causa da dieta. Se sente insegura, mas ao seu lado parece forte.
E ela não sabe, mas você vai testa-la.
Então você, como quem não quer nada, entra num lugar que nem se parece com uma sorveteria, mas que pode conseguir um sorvete "clandestinamente". Sem que ela perceba vc já esta com um sorvete na mão e lhe oferece. Ela te olha espantada pensando “E todo esse tempo de dieta vai valer pra que?” e nega. Você insiste e mais uma vez ela nega. Não satisfeito, você pega o sorvete e esfrega levemente em seus lábios. Ela quer resistir. Ela tenta resistir, mas com esse golpe baixo, sentindo o sabor nos lábios, não resiste. Toma todo o sorvete se deliciando. Sente um grande prazer pois foi você que ofereceu e insistiu. Fez o que gostava e ao seu lado. Mas no fim, você apenas a olha com desaprovação.
Não satisfeito em tirá-la da (quase) vitória na dieta, olha com desprezo e a abandona ali sozinha, triste e sem forças. Se sentindo a gordinha (agora magrinha) mais infeliz do mundo por ter falhado com você e consigo mesma.
Como compreender? Já pensou na crueldade que cometeu com sua pobre namorada? Se não queria que ela tomasse sorvete, por que insistiu tanto? Por que a levou até ali? Por que insistiu? Por quê? Se era para derrubá-la, por que a levantou? Por quê?

Por quê?

(...)

by A.

sábado, 23 de outubro de 2010

.: Atendida :.

Senhor,

Eu sei que estás aqui. Ajuda-me a Te enxergar.
Eu sei que me amas. Ajuda-me a sentir esse amor.
Eu sei que me ouves. Ajuda-me a Te ouvir também.
Eu sei que me criaste para ser feliz, então ajuda-me a secar essas lágrimas.



[Oração feita dia 03 de setembro de 2010, e, adivivinha? Ele estava ali. Senti seu amor. Ele me ouviu e secou minhas lágrimas.
Obrigada meu Pai, Criador e Amigo.]



quinta-feira, 14 de outubro de 2010

.: Não :.

Saudade
Da voz que não ouvi.
Do cheiro que não senti.
Do beijo que não dei.
Da mão que não toquei.
Do sorriso que não fiz acontecer.
Da lágrima que não sequei.
Da canção que nunca cantei.
Do rosto que não acariciei.
Do abraço que não recebi.
Do presente que não dei.

Do olhar que não me aqueceu.

Do não...
... que se tornará um sim.



by A.

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

.: E Assim Deixou de Ser Criança :.

12 de Outubro de 1993.

Estava ansiosa. Agarrava-se a ele para disfarçar. Ele tentava olhá-la, mas ela só o abraçava. Seus pensamentos iam a mil. Tantos sentimentos, tantos pensamentos. A ansiedade crescendo.
Uma caricia em seu rosto e uma voz macia a fez relaxar um pouquinho. Olhou pra ele.
- Me dá um beijo.
O coração batia descompassado. Pensamentos, pensamentos, pensamentos. Estava atormentada.
- Me dá um beijo!
O que faria agora? Tentava mentalizar uma desculpa, ou um jeito de sair daquela situação. Mas ao mesmo tempo, aquele tempo que haviam passado juntos tinha sido tão bom que queria prolongá-lo mais um poquinho.
- Olha pra mim. Me dá um beijo.
O coração praticamente pulava pela boca e tudo o que fazia era uma reza balbuciada de olhos fechados tentando uma forma de sair de forma digna daquela situação.
- Me beija!
Então sentiu seu corpo se afastando do dele, e suas mãos em seu rosto, chegando de mansinho. A respiração dele se aproximou. E ela parou de respirar. Pânico.

Até sentir os lábios quentes daquele que insistia por um beijo em sua face. Um beijo que foi se aproximando onde jamais deveria ter chegado. Mas chegou. O rosto se afogueou. O coração parou. Suspirou. Gostou. E ela se deixou... Deixou-se levar por um beijo suave e apaixonado. Calmo. Delicado. Cheio de ternura. Era como um sonho. Deixou-se levar por aquele momento único da qual se lembraria pra sempre. O cheiro. O calor. As mãos. A boca. O sabor. Um sonho.
E como todo sonho, ela acordou. E o que era sonho se tornou uma dolorosa realidade quando percebeu que tudo não havia passado de uma terrível [e injusta] aposta.

[12\11\2008]
By A.

domingo, 10 de outubro de 2010

.: Pensando em Você :. ³


O sol me lembra você.

Parece que está escondido, mas chega de mansinho, aquece minha vida devagarzinho e me envolve com o seu calor.
by A.

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Vendaval - Igl3sias

Meu vicio atual. Um pouquinho pra vcs....
Enjoy

Vendaval
Nem se quer notei que o tempo passou
E mais uma página virou
Eu tentei buscar realizações
A procura foi minha tentação

Mas pra que correr contra o vendaval
Sem ter uma direção?
Pelo vento vou me deixar levar
Já que o sopro vem de Deus

Demorei pra ver que os planos Teus
São respostas à minha oração
Pois o que é feito debaixo do Sol
É inútil, completamente em vão

O que Deus separou para mim
Sei que é o melhor a fazer
Eu agora estou pronto pra ouvir pra onde ir

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

.: Sinto :.


Já sentiu uma falta tão imensa de alguém que deu vontade de largar tudo o que esta fazendo e correr ao encontro da pessoa, como se precisasse dela pra respirar? Sabe quando o peito aperta, vc fecha os olhos e tudo o que consegue enxergar é o rosto dela? Lembra do olhar, do sorriso, da voz, do toque, mesmo q só aqueles meio sem querer.... Sabe quando vc daria tudo pra estar ao lado dela só pra sentir seu cheiro novamente?

Saudade.
Isso se chama saudade.
Isso é o que sinto quando penso em você.

by A.

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

.: Pensando em Você .: ²


A lua cheia me lembra você.

Quando é noite e tudo está escuro, você chega e me ilumina com seu brilho e alegria.

by A.

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

.: Pensando em vc .: ¹



A tempestade me lembra vc...
Chega do nada, é forte, intensa.
E quando vai embora deixa rastros inconfundíveis....
by A.

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

.: Porta-Retrato :.

Já não se reconhecia mais.
O tempo em que se sentia feliz com qualquer coisa passou.
E era feliz.
Sentia-se feliz em assistir ao pôr-do-sol ao lado de uma boa companhia. Não que
isso já não fosse mais interessante, mas simplesmente não acontecia.
Sentia-se feliz em comprar uma roupa nova. Não que agora não gostasse, mas pensa se a nova peça é realmente necessária.
Sentia-se feliz em fazer novos amigos. Não que agora não gostasse mais, mas, cadê o tempo?
Ficava feliz com a expectativa de um telefonema. Não que ainda não esperasse,
mas pensava que se alguém ligasse, não poderia manter a conversa por muito tempo.
Ficava feliz em fazer planos, voar alto, sonhar. Não que agora não sonhasse mais, mas seu sonhos eram apenas por uma fração de segundos, enquanto firmava o pé novamente no chão.
Agora, buscava sempre por mais, mas sempre ficava no menos.
Não tinha mais amigos. Não tinha mais tempo. Não tinha mais amores.
Caminhava só, com o pensamento na agenda que deveria cumprir.
Ao olhar o porta-retrato em cima da mesa, via apenas um alguém sorrindo.
Nem sabia o que era isso. Não havia mais tempo para superficialidades.



By A.

[05/03/2007]

domingo, 19 de setembro de 2010

.: Yom Kippur :.


Neste fim de semana, do pôr-do-sol da sexta-feira ao pôr-do-sol do sábado, foi comemorado o Yom Kippur, ou dia do perdão, uma celebração tradicionalmente judaica. Gosto de todas essas festas e tradições, afinal ja participei de várias delas e acho todas fascinantes.
Fui trabalhar na sexta-feira pensando sobre essa celebração e no quão difícil é às vezes perdoar. Tenho feito uma oração constante a D-s pedindo para que Ele me ajude nessa “missão”, mas penso que meu coração esta um pouco endurecido pra isso. Não que não queira, mas as lembranças não me permitem no momento. Não quero viver com isso, não quero ficar remoendo mágoas, não quero esse peso eterno nas costas, mas quando tento, lá vem a dor novamente me provocando, me incitando, me torturando. Isso é triste.
A questão é, muitas vezes a pessoa que te feriu esta vivendo sua vida na maior paz, feliz da vida, sem nem saber o que deixou em você, enquanto você se tortura e se maltrata por não conseguir esquecer.
Por experiência própria sei que o perdão beneficia muito mais aquele que dá do que aquele que recebe.
Não participei dos costumes do Yom Kippur (jejum e oração), mas sei que em algum momento, de alguma forma, D-s me ajudará a perdoar esse alguém, que possivelmente não tem idéia do mal que me fez, para que eu viva da forma que Ele sempre desejou: em paz.

Então Pedro chegou perto de Jesus e perguntou:
- Senhor, quantas vezes devo perdoar o meu irmão que peca contra mim? Sete vezes?
- Não - respondeu Jesus. - Você não deve perdoar sete vezes, mas setenta e sete vezes.

[Mateus 18:21 e 22]


by A.

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

.: A Libertação :.

Sempre gostei da mitologia da Fênix, a ave que, após entrar em combustão e morrer queimada, ressurge das próprias cinzas ainda mais forte e renovada. Gosto e sempre me valia dela quando queria superar alguma grande decepção. De alguma forma matava aquilo dentro de mim, e superava a decepção. Isso aconteceu algumas vezes e sempre tive sucesso, menos em minhas ultimas tentativas. Parece que a decepção foi maior que minha vontade de “morrer” e minha perseverança em tentar. Algo realmente morreu dentro de mim. Talvez minha coragem... rs... Ou aquele sorriso sem tristeza. Mas não era a minha felicidade que eu queria matar, era minha tristeza. E o máximo que consegui foi parar nas cinzas. Uns dias atrás recebi uma noticia que pra mim poderia ter sido a maior catástrofe, mas ao recebê-la, minha reação foi agradecer a D-s pelo que Ele havia feito por mim, por ter me livrado daquele mal. E a verdade é que FINALMENTE me senti liberta. Não sei exatamente de que ou porque, mas senti. E foi uma sensação muito boa! Se consegui renascer? Ainda não. Continuo nas cinzas. Mas posso sentir; a redenção está próxima.

[3-3]

by A.


quinta-feira, 2 de setembro de 2010

.: O Recomeço :.

Amanhecia.

Insetos, aves e alguns roedores passeavam pela pequena caverna a procura de alimento entre as rochas. Tudo parecia tranquilo quando algo se move. Os animais saem assustados levantando poeira e folhas secas. Das cinzas, o movimento chama a atenção dos sempre curiosos roedores que voltavam e observavam de longe. A massa disforme aos poucos se transforma tomando forma. Cabeça, corpo, patas, asas... Penas. Um sopro. Um trinado.

Vida.

Das cinzas ressurge, mais bela, forte e reluzente que nunca.
A Fênix
[2-3]
by A.

domingo, 29 de agosto de 2010

.: O fim... :.

Sentindo-se velha e cansada, a ave voava ao redor da montanha. Já havia escolhido o lugar ideal, mas por mais que tentasse, não conseguia. Pousava, ficava, esperava, lutava, se concentrava e como nada acontecia, voltava a voar. Foram dias e dias de muitas tentativas. Fizera isso outras vezes, mas não compreendia porque dessa vez não conseguia. Tentava relembrar o processo. Nada.
A primeira vez que viu suas asas queimar sentiu-se aterrorizada. Pensou que jamais voaria novamente, mas ao contemplá-las agora, mal lembrava que um dia deixaram de existir.
Uma grande tempestade estava a caminho. Podia ver a escuridão do céu se aproximando. Voou mais uma vez até o alto da montanha entre as pedras escarpadas de seu ninho improvisado. Tinha que ser agora. A velocidade fazia com que suas penas, serpenteantes ante o vento, reluzissem na fraca luz do dia. Planava junto ao solo rochoso e já sentia a brisa trazendo gotículas da chuva vindoura.
Era ali, próximo a um arbusto, numa caverna aberta pela ação do tempo. Baixou as asas e pousou caminhando brevemente para a escuridão. Aconchegou-se entre as pedras já percebendo faíscas saindo sob as penas avermelhadas. Abriu as asas, levantou a cabeça aguardando o que esperara por tanto tempo. Pequenas labaredas logo se transformaram em grandes chamas que envolviam todo seu corpo. Lá fora a chuva agora caia torrencialmente, com raios, relâmpagos e trovoadas cortando o céu. Um leve trinado se ouvia entre as crepitações do fogo e o som da chuva. Altas chamas agora consumiam a ave que aos poucos se rendia a sua sorte. Em pouco tempo tudo acabou. Do fogo só restaram as cinzas de onde a ave havia se aninhado.
Silencio.
Não se ouvia mais a chuva. Um vento suave entrava pela caverna onde a fumaça que se extinguia lentamente...

[1-3]

by A.

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

.: Admirador Nada Secreto :.


Sexta-feira à noite estava sossegadinha na minha casa escrevendo uma dedicatória num livro que ia dar de presente quando escuto um carro parando em frente de casa. Nem me abalei, afinal, a rua é movimentada. Mas os cachorros começaram a latir e pouco depois vem minha mãe: “Filha, o (...) ta aí”.
Na hora o sangue ferveu. Senti o rosto queimando, a respiração alterando e o peito apertando. Fúria. Esse cara não se liga? Será que é difícil entender o que digo? Será que não fui clara o suficiente quando falei que não quero nada com ele?
Terminei de escrever nem sei como. Fui pro quarto tirar o pijama e pôr uma roupa mais quente e saí furiosa pelo quintal batendo a porta. Mas assim que abri o portão, “quebrei as pernas”. Ele estava um enfeite de rosas com um cartão perfumado e um sorriso estampado no rosto. Fiquei sem graça. Como posso sentir tanta raiva de alguém que só quer me agradar? Ele faz mil coisas que abomino num homem, mas sei que, do jeito “errado” dele, está apenas tentando encontrar um meio de ganhar minha atenção. Muitas garotas adorariam receber esse tratamento “VIP”, mas eu me irrito. Claro que não foi sempre assim. Ele me irrita. Várias vezes dou altos cortes dizendo o que penso sobre o que ele está falando, sendo muitas vezes até grossa, mas ele continua. Nem se liga do que acabei de dizer (pelo menos é o que parece).
Não faço por mal. Falei pra ele que não posso dar o que ele procura. Que não tenho nada a oferecer. Que ele busca água num pote vazio. Mas ele insiste em me agradar.
E como é que sinto raiva de uma criatura dessas?! Sei lá. Apenas sinto.

Minha mãe bem disse “Coitado do cara que tentar conquistar seu coração agora.”

domingo, 22 de agosto de 2010

.: Adeus :.

Não sei porque, mas essa música não sai da minha cabeça a tempos. Ela não faz sentido pra mim. Talvez algumas poucas frases até se encaixariam no que sinto neste momento, mas em sua maior parte, não.

Gostaria de ter sido eu a dizer adeus. De ter sido aquela que esquece.
Gostaria de ter sido eu a conseguir seguir em frente, esquecendo o que passou.
Gostaria de ser aquela que não teve medo de olhar para o lado e encontrado um novo amor.
Gostaria de não ter sido aquela a deixar o coração tão exposto a você. De não ser aquela que se deixou sonhar.

Gostaria de dizer adeus.
Adeus as minhas dores, adeus aos meus medos, adeus aos momentos que me traumatizaram, adeus às lágrimas, adeus ao desespero, adeus ao sentimento, adeus a imagem, adeus a você...

Gostaria de dizer adeus a VOCÊ homem, que esteve por tão pouco tempo em minha vida, mas que deixou marcas tão profundas e que mesmo passado todo esse tempo, ainda não cicatrizaram e que ainda doem demais.

Eu PRECISO desse Adeus.

Me ajude a dizer Adeus.

Eu preciso desse adeus.

Eu preciso MUITO, muito mesmo desse adeus...



quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Sinais

Não deixe que as oportunidades passem...
... Não é sempre que temos uma segunda chance.


segunda-feira, 16 de agosto de 2010

.: Escorpião :.


Deus é quem está sentado acima da redondeza da terra. Para ele os homens são
pequenos como gafanhotos. Ele é quem estende os céus como uma cortina, que faz dos céus a
sua casa.
[Isa 40:22]


Ainda me lembro da primeira vez.
Era uma noite fria e sem luar de inverno. Por ser zona rural, a iluminação local era escassa. Estávamos saindo da faculdade, tarde da noite, com sono e com aquela a vontade de correr pro quarto quentinho... Mas gostávamos da companhia um do outro, por isso andávamos devagar, olhando pro chão e trocando algumas poucas palavras. Não éramos muito de falar. Ele brincava com meu caderno me fazendo ficar atrás do povo que também saia. “Vem cá. Quero te mostrar uma coisa.” Ele puxou minha blusa e me fez olhar para cima. Paramos no meio da escadaria entre a FAP e o prédio central, ao lado da castanheira, ficando apenas nós dois na escada mal iluminada. “Está vendo?” Olhei pra ele sem entender e tornei a olhar pra cima. Vi um céu escuro, super estrelado, mas não via nada demais. Me puxou pra mais perto dele, me fazendo encostar em seu braço. “Olha de novo, bem ali.” Olhei para onde seu dedo apontava. Aos poucos as estrelas foram tomando forma diante dos meus olhos. “Viu? Ali é o rabinho dele fazendo a curva. E ali, aquelas 3 estrelinhas, a cabeça.” Era verdade. Ali estava ela. A constelação de Escorpião, bem a minha frente. Fiquei emocionada. Sim. Me emocionei a primeira vez que vi a constelação de Escorpião. Não sei dizer o porquê, só sei que senti algo tão forte que meus olhos se encheram de lágrimas. Diante de mim estavam duas coisas preciosas. Duas maravilhas feitas por D-s: o firmamento e ele.
Jamais me esquecerei aquele dia.

Desde então, sempre que olho o céu em noites de inverno e contemplo Escorpião, vejo na lembrança o brilho das estrelas e o brilho dos seus olhos por saber que me proporcionou um momento tão especial e único...


Olhem para o céu e vejam as estrelas. Quem foi que as criou? Foi aquele que as faz sair em ordem como um exército; ele sabe quantas são e as chama pelo nome. E a sua força e o seu poder são tão grandes, que nenhuma delas deixa de responder. [Isa 40:26]




terça-feira, 10 de agosto de 2010

.: Um Amor pra Vida Toda :.


"Quero um amor pra vida inteira!" Tantas vezes li e ouvi isso!
E quem nunca sonhou em ter um amor pra vida inteira? Imagine não ter desilusões amorosas, não sentir aquele aperto no peito, não sentir o coração sendo arrancado do peito, não perder a fome [e às vezes até a vontade de viver], não precisar chorar rios de lágrimas a cada termino de relacionamento, não precisar esquecer... Quem não quer amar e ser amado?
Me lembro de quando era criança, das brincadeiras de boneca, de casinha, de vizinha, esconde-esconde, amarelinha... Ainda criança, meu maior sonho era casar, ter filhos e cuidar da minha casa, do meu marido, dos meus filhos. Não tinha ambições profissionais nem pensava em continuar os estudos. Tudo o que queria era me casar. Acredito que esse seja o sonho da maioria das meninas, mesmo aquelas que insistem em dizer que não.
Me lembro também do medo que sentia, porque sempre que, nas brincadeiras, as bonecas casavam, tudo ficava tão chato que não dava mais vontade de continuar a brincadeira e eu pensava se isso também não acontecia no mundo real. Ainda assim, eu queria. Sonhava em me casar na igreja, tradicionalmente, com marcha nupcial, vestido branco, sapato de salto, padrinhos, madrinhas, família reunida, sorrisos, crianças correndo, lua de mel... Eu sonhava...
Cresci. Os anos passaram e hoje não sou mais aquela garotinha brincando de bonecas e pensando e confundindo o real com o imaginário. Mudei alguns pensamentos, continuei os estudos, sonhei em ter uma profissão, ter carro, casa, fazer viagens, ter mais amigos, obter mais conhecimento, mais sabedoria... Sofri, chorei, me apaixonei, fui feliz, me iludi, quase morri, me apaixonei de novo. Fiz planos e sonhei... Sonhei em me casar. E me senti tão pertinho desse sonho se tornar realidade que já me via entrando na igreja vendo aquele sorriso e aquele olhar brilhante em minha direção.
Mas ai veio a desilusão. E quanto mais o tempo vai passando, mais distante me sinto desse sonho. O que antes era tão palpável, hoje vejo como algo quase inalcançável. A cada relacionamento quebrado, mais um pedaço do coração é arrancado. E às vezes me pergunto se ainda tem um restinho dele aqui dentro do peito. Deve ter, né, porque dói demais ainda. Dói todas as vezes que lembro dos abraços, do consolo, do carinho, da troca de olhares, do cuidado, da voz ao telefone, dos abraços, dos sonhos, dos planos, das idéias, dos momentos... Como dói.
E tudo porque eu queria ter um amor pra vida toda.
E quem é que não quer?!



by A.
[15/02/2010]

terça-feira, 3 de agosto de 2010

Fantasmas

Numa das minhas últimas visitas ao médico ele me "receitou" um psiquiatra. Legal.

Vindo pra casa pensando nisso comecei a lembrar de alguns dos meus relacionamentos passados e fiquei rindo sozinha da minha "sorte".

Hoje estava contando pra minha irmã do último cara que me apareceu e ela disse "Esse é dos seus". Perguntei por que e ela me contou que ele namorava com uma garota e do nada desapareceu. Depois ligou pra ela dizendo que estava lá na Bahia. Coisas que acontecem comigo. Como uma vez que estava saindo com um cara e um dia resolveu visitar a família e não voltou mais. Nem ligo... rs... Esse é apenas um dos casos bizarros que me acontecem.

Me apaixonei de verdade apenas 2 vezes nessa vida. Aquelas paixões avassaladoras, que enlouquecem, invadem o pensamentos e a vida, que dão aqueles friozinhos na barriga, que te faz sonhar, desejar, sabe?! Muito bom, gostoso, mas muito devassador também... Uma já contei aqui, a outra é essa.

Anos atrás tive um amigo por quem me apaixonei dessa forma ai. Eu era absolutamente maluca por ele. Na verdade, obcecada, porque essa foi uma paixão doentia mesmo.
Éramos muito amigos e tudo foi acontecendo bem aos poucos. Convivíamos constantemente porque morávamos a apenas alguns passos de distancia, trabalhávamos na mesma área e local e ainda estudávamos juntos. Café da manhã, almoço e janta juntos. Foi natural me apaixonar. Mesmo signo, mesmo gosto, mesmas vontades, mesmo jeito... Mas um dia ele foi trabalhar em outra cidade e nos separamos.
Então começou a parte de:
“Aqui é tão vazio sem você”,
“Sou louco por você”,
“Vc é a primeira mulher que digo ‘Eu te amo’”,
“Estou procurando uma casinha pra nós”
“Falei com um cara aqui pra vc vir pra cá e já ter um trabalho”...
E contou dos planos pra casarmos o mais breve possível... e por aí foi.... Que mulher apaixonada não gosta disso?! Se eu já estava, imagine depois de tantas coisas... Mil idéias pra sair de onde eu estava e ir ao seu encontro.

Em outro Estado estava minha irmã. E ela me conta que ele vivia “torrando” a paciência dela falando dos apartamentos e móveis que estava procurando e comprando, falando em casamento e no quanto gostava de mim.

Então um dia ele some. Descubro que tinha ido à outra cidade a trabalho. Uma semana. Na outra semana aparece com o nick do MSN “Feliz”. Perguntei por que ele estava feliz e ele responde com um xoxo “ah.. coisas o trabalho”.

Semana seguinte meus pais iam me visitar e coloquei “A.happy” no meu MSN e um amigo me chama “Porque está feliz?” respondi que era porque meus pais iam me visitar e ele continuou “Ah bom... Da ultima vez q vi feliz no msn de alguém era porque tinha começado a namorar”. Na hora já me liguei porque o amigo era em comum... Comecei a questionar e descobri que era ele mesmo. O “meu H.”... hã... Só pensei que era.

Sacanagem pura. Além de me deixar na maior ilusão, pegou vários cartões que enviei pra ele, modificou e deu pra namorada.

Eu mereço? Devo merecer...

Por essas e outras que qdo o médico me receitou o psiquiatra pensei “Preciso mesmo de um”. Rs...

Só consegui gostar de alguém de verdade novamente quando resolvi as diferenças com ele anos depois.

Um pensamento que tenho é que os assuntos mal resolvidos do passado podem assombrar nosso presente e atrapalhar nosso futuro.

Não estou a procura de um novo amor e vou procurar não me envolver com ninguém enquanto não resolver meus assuntos mal resolvidos. Não quero e nem é justo que a outra pessoa pague o preço de algo não tem a ver com ela. Acima de todas as coisas procuro ajuda no meu D-s, todo poderoso, para curar minhas feridas. E talvez agora um profissional que tenho certeza que será orientado por Ele.

Não quero mais assombração.

sábado, 31 de julho de 2010

.: O Coração e o Desfibrilador :.

A sua frente, deitado numa maca, estava ele inerte. Ela o olhou com olhos de puro terror ao ouvir o aparelho de monitoramento cardíaco apitando de forma constante. Ali, naquela maca, estava o coração de alguém que não poderia partir assim. Por alguns instantes parou de respirar. Sua mente escureceu e subitamente quase caiu. Mas isso não podia acontecer. Ela sabia que tinha que agir. Virou-se imediatamente e pegou o desfibrilador que estava ao seu lado, e com o pouco de energia que sobrara do susto, o encostou naquele peito que tantas vezes se aconchegara relaxada. O corpo sacudiu ante a descarga elétrica. Seus ouvidos aguçaram para ouvir o monitor. Nada. Imagens de tudo o que já havia passado com ele apareceram em segundos. O carinho, a atenção, a dedicação, as horas de conversa, os momentos de fraqueza... Isso não podia estar acontecendo.
Mais uma tentativa. O corpo estremeceu pelo choque. Ouvidos aguçados. Nada. Suas mãos tremiam e suavam. Mais imagens de calor, amizade, contentamento. Monitor ainda constante.
Ele não podia desistir assim tão fácil. Ela não permitiria. Fez mais uma tentativa. O corpo sacudiu outra vez. Grossas lágrimas insistiam em cair por sobre a máscara. Já se sentia mais fraca tamanha a emoção e desespero que sentia no peito.
Ele não podia fazer isso com ela. Não podia desistir da vida assim. Ela sabia que ele era forte. Que precisava lutar. O fato de usar neste momento o desfibrilador provava o quanto aquele coração era importante pra ela. E ela não o deixaria desistir. Então, tomando aquele coração tão precioso nas mãos, o massageou com o maior cuidado e carinho. Com todo o amor que existia em si. O sangue quente escorria pelas mãos. O calor daquela vida que tantas vezes a aqueceu, estava agora em suas próprias mãos. E ela o massageou sentindo cada veia, cada artéria, cada músculo, pensando em todas as coisas boas que ainda poderiam acontecer. Ele precisava voltar pra ela. Ela o queria de volta pra sua vida. Ela precisava daquele coração batendo de novo junto ao dela.
De repente um apito. Seu próprio coração parou. Outro apito. E outro. E mais outro. Olhou o monitor e soltou um riso de alivio e alegria. Respirou fundo. Só então percebeu que ela mesma já quase desfalecia por não respirar.
Ele estava de volta. Seu coração precioso estava de volta! E ela não permitiria que aquilo acontecesse novamente. Não enquanto aquele coração estivesse sob seus cuidados.

[14/2/2010]


- E então descobriu que o poder da vida nunca esteve em suas mãos...

by A.
"Entrega teu caminho ao Senhor, confia nEle e Ele tudo fará." - Slm 37:5

sábado, 24 de julho de 2010

.: Vôo com destino a... Lugar nenhum? :.

Seus olhos atentos observavam cada movimento. Apertava tanto os apoios do assento que deixava as juntas dos dedos amarelas. Suas pernas mexiam de forma frenética, os joelhos para cima e para baixo. Não era a primeira vez que embarcava num vôo incerto, mas lembrar disso não aliviava o desconforto da situação. Sentia-se ansiosa, insegura, confusa. Tentava se acalmar mentalizando uma canção, orando baixinho, ou apenas... Observando. Pensava e queria descer, mas agora estava dentro, presa ao cinto de segurança e voando cercada de pessoas que não compreendiam o porquê de tanta agitação. Mas ela sabia. Ela entendia. Por tantas vezes quis fazer as coisas certas! Pensava mil vezes antes de agir. Fazia planos, traçava metas, e só então embarcava. E dessa vez não tinha sido diferente. Quando entrou naquele vôo, pensava que sabia onde ele a levaria, mas assim que decolou, percebeu que a paisagem lá fora era diferente. As coisas começaram a escurecer e ao invés de encontrar um dia ensolarado, passava por uma intensa turbulência. As nuvens escuras não a deixava ver mais adiante. A chuva castigava e agitava o avião. Fechou os olhos para não ver o tempo passar. Queria que a chuva passasse, que as nuvens saíssem e que o sol voltasse a brilhar. Queria que a rota que ela traçou a levasse onde planejou. Queria ver o que não conseguia. Queria que suas companhias fossem amigas para poder ao menos segurar sua mão e sentir paz. Mas lá estava ela nervosa, agitada, ansiosa e sozinha. Em seu pensamento, o vôo seguia com destino a qualquer lugar, ou a lugar nenhum. A chuva não passava. O vento continuava a agitar o avião. E pela janela só via as nuvens acinzentadas que cobriam, mais a frente, um lindo e brilhante nascer de sol.

By A.

[21/03/2007]

quinta-feira, 15 de julho de 2010

.: A Tartaruguinha do Papai :.

Era apenas um bebê quando aconteceu. Obra de papai. Ele diz que eu era uma criança esperta, inteligente, sorridente, mas muito devagar... Demorava pra tomar mamadeira, para ir de um lado para outro, ajuntar os brinquedos... Daí surgiu: tartaruga. Nunca me importei, embora seja um bichinho tão feio...
Não me lembro quase nada dessa época, mas me lembro de ser uma criança meio estranha. Sempre isolada, vivendo em um mundo paralelo. Não que eu não quisesse estar com as outras, mas tinha uma dificuldade imensa em me envolver. Olhava todos aqueles sorrisos e brincadeiras e queria estar ali no meio. Ao invés disso, pegava um lápis e papel e começava a desenhar. Na escola tive dificuldade em me concentrar no que era sendo dito, dificuldade em copiar as coisas da lousa, dificuldade em terminar provas... E continuava não conseguindo me adequar aos padrões comportamentais. Sem amigos, sem brincadeiras. Então quando alguém conseguia entrar no meu mundo, me apegava àquela pessoa como se fosse a única na terra. Amizade irrestrita e leal. Devoção total.
Claro que com isso eu acabava me machucando porque elas não podiam ficar ao meu lado o tempo todo. Elas partiam. E quando partiam, eu voltava a me isolar. Recolhia as patinhas de tartaruga pra dentro do casco e ficava lá até outro alguém aparecer e me tirar de lá. Então a tartaruga ganhou um novo significado.
A adolescência chegou. Não deixei de lado meus papeis e desenhos, mas adicionei o hábito de escrever, já que a dificuldade em falar ainda era grande. Mas me comunicava levemente melhor. Fiz amigos. Me apaixonei. Me machuquei... [E quem nunca teve um coração ferido?] E cada coração partido, maior a dificuldade em deixar que outras pessoas entrassem. Patinhas pra dentro, casco mais duro, isolamento.
Ainda hoje tenho dificuldade em me envolver com pessoas. Não sei a que isso se deve. Talvez o medo de perder. Talvez algum trauma vindo lá daquela época de infância. Mas sei que é difícil. Muito difícil. E olha que sou alguém que adora conversar. Adora rir. Adora fazer amizades. Só não sei ainda chegar nas pessoas. Não sei chegar e conversar. Minha comunicação é essa: desenhos e textos.

Hoje a tartaruga impera na minha vida mais que nunca. Sou devagar, sim. Sou casca dura, sim. Demoro a compreender muitas coisas que acontecem comigo, sim. Demoro a gostar de alguém, sim. Demoro mil vezes mais pra esquecer. Me recolho no meu “casco” quando me sinto ameaçada, nervosa, triste... Ou quando quero apenas refletir sobre a vida.
Sou tartaruga sim. A tartaruguinha do papai, que independente das minhas dificuldades em dizer com palavras o que sinto, dos meus isolamentos, das minhas dúvidas, insanidades, doidices, me ama incondicionalmente.


Paizinho, eu já quase te perdi muitas vezes, e sei que um dia isso pode acontecer efetivamente nesse mundo cruel que vivemos, e temo por esse dia, mas quero que saiba que EU AMO VOCÊ! Amo mais que sorvete de flocos. Mais que pizza de Margueritta. Mais que suco de cupuaçu com leite. TE AMO mais que qualquer homem que possa passar pela minha vida. TE AMO INFINITAMENTE MAIOR QUE O UNIVERSO. TE AMO sem medidas.
E obrigada por me amar o dobro.

Sua tartaruguinha e filha para todo o sempre,
Alessandra

.: Muralha :.

Estava alta, muito alta. Gostaria muito, mas não sabia se deveria. Aquela muralha vinha sendo construída a cada palavra dita, a cada olhar, a cada “não” que ouvia, a cada gesto negativo. Mas gostava de desafios. Gostava de se aventurar, de suar a camisa, de se esforçar, só pra saber o que havia do outro lado do muro. Caminharia por toda a “muralha da China” que foi construída a fim de ver o que havia no final dela. Mas dessa vez, não sabia se estava disposta. Gastar forças e tempo naquilo que, ao final, não teria recompensa?
Já havia feito isso antes. Usou toda sua energia e perdeu tanto tempo escalando montanhas, atravessando mares, pra no final não encontrar o que tanto procurava e ainda sair e mãos abanando.
E ali estava ela novamente olhando para cima. Olhando aquela grande muralha.

Ela gostaria. Ela bem que gostaria. Mas não sabia se podia perder mais uma vez.

terça-feira, 13 de julho de 2010

Perda


"Ao perder a ti, tu e eu perdemos.
Eu, porque tu eras o que eu mais amava
E tu, porque eu era o que te amava mais
Contudo, de nós dois, tu perdeste mais do que eu
Porque eu poderia amar a outra como amava a ti
Mas a ti não te amarão como te amava eu."

(Ernesto Cardinal)

domingo, 11 de julho de 2010

.: E Quando Menos Se Espera... :.

Tudo indicava que aquele seria um dia dos namorados como outro qualquer.
Já acordou irritada. Tomou seu banho, fez aquela maquiagem, vestiu botas, cachecol, uma capa preta e, antes de sair de casa, publicou seu ódio por esse dia no twitter e MSN.
Durante as horas de trabalho, olhou alguns rostos bonitos e pensou “por que eles não olham para mim?”.
Mais um dia dos namorados sem namorado. Já estava acostumada. Odiava o dia dos namorados. Odiava casais felizes exibindo seus sorrisos e presentes para quem quisesse ver. Odiava ter que presenciar a felicidade dos outros enquanto ela ficava sozinha sonhando com o dia que esse ódio passaria. Ela havia recebido convites, mas os recusara. De que adianta sair com pessoas que não lhe despertava interesse? Que não conseguiriam calar a solidão em seu peito? Tarde longa. As horas passavam e nada indicava um fim diferente.
Até que a noite chegou trazendo com ela um convite: “Vamos ao jantar dos namorados comigo?”
Há tempos atrás ela o havia visto na casa da prima. Garoto estranho, magrela, com um sorriso enorme e que não parava de olhar. Mas ela nem lhe deu atenção. Sendo amigo de quem era, nem queria saber.
E agora, ali estava ele, com um sorriso envergonhado, curvado no vidro do carro fazendo o convite. Por um momento processou a informação. O desconhecido garoto parecia mais amedrontado que ela. Pensou novamente. Comida boa e de graça... Pleno sábado à noite e ela indo pra casa... Por outro lado, teria que agüentar os pós comentários dos amigos e familiares que assistiam tudo de camarote. Pensou, pensou e pensou... E resolveu aceitar.
Ambiente romântico. Pizza, luz de velas, corações, fotos, timidez e conversas.
Para sua surpresa, ele conversava e sorria com autoridade. Era inteligente. Tinha conteúdo. Falava sobre tudo. E de repente viu-se encantada pelo desconhecido. Magicamente a noite transformou-se. Era toda sorrisos. Passara o dia odiando o que mesmo?
Voltou para casa sorrindo. E quando já se preparava para deitar, um torpedo: “Obrigado pela companhia”.
Deu-se então o início a uma seqüência de torpedos, emails e telefonemas trocados. Noites com longas conversas. Depoimentos bonitinhos no Orkut. Um encontro. Dois encontros. E outros... Mais outros... Presentes. Minutos contados. Sorrisos. Um pedido de namoro.
O que parecia que se tornaria um grande desastre tornou-se sua alegria.
Odiava o dia dos namorados, mas foi nele que reaprendeu a sorrir. Odiava o dia dos namorados, mas foi nele que seu coração aqueceu. Odiava o dia dos namorados, mas foi nele que encontrou o seu.

Quando menos se espera, ela te encontra. Quando pensa que não há saída, não há lugar, não há solução, não há mais onde procurar, ela te encontra. Não ouse fechar os olhos. Ela está bem ali, no óbvio ou no escondido, no claro ou na escuridão, na esquina ou a distancia... Ela está. Ela existe. Ela vive...
Quando menos se espera...
De onde menos se espera...
A felicidade.



Bey, estou muito feliz por ter encontrado, por ter olhado, por não ter se importado com comentários, por ter ousado. Feliz por encontrar alguém que a faça sonhar, que te faça sorrir, que compartilhe, que tenha pulso e coragem de assumir o que sente. Feliz por sua felicidade. E que esta não seja passageira.
E mesmo que passe, estou feliz porque essa felicidade personificada já te tem feito sonhar sonhos maiores e melhores.
Te amo!

quarta-feira, 7 de julho de 2010

.: Trato :.


Sim, eu sou inconstante.
Não, eu não sou linear.
Passo da euforia a depressão em questão de segundos.
Ajo com impulsividade. Se isso me põe em problemas? Claro que sim! Mas ainda não sei agir de outra forma.
Sou totalmente independente e ao mesmo tempo preciso de toda a atenção do mundo. Carente. Complexa. Confusa.
Às vezes sou o frio do inverno. Outras vezes sou vulcão entrando em erupção.
Posso ser donzela e também carrasco.
Garota má?! Apenas quando não estou apaixonada.
Por isso, escute garoto. Vamos fazer um trato. Eu não me apaixono por você, você não se apaixona por mim, e assim seremos felizes para sempre.


A.
[04/2010]

domingo, 4 de julho de 2010

.: Lettera :.

Fabiana, Sinceramente, tenho vontade de te dizer muita coisa, mas ao mesmo tempo não quero dizer nada. Só o que posso dizer é que eu não consigo te perdoar. Sinto raiva todas as vezes que me lembro, sem querer, das coisas que vc me disse, raiva da minha inocência ao pensar que o que não existia era realmente tempo, raiva por acreditar que vc um dia 'recompensaria meu sofrimento'. Ao mesmo tempo que te adoro, te desprezo. Não quero mais sentir meu coração batendo do jeito que está agora por sua causa. Não quero conversar com vc e sentir todo aquele bom sentimento voltando, aquela paixão, aquela alegria. Acabou! Eu não quero mais! Toda vez que penso em vc, sinto como se arrancasse mais um pedaço de mim, e eu já quase não existo mais. Estou tão cansado disso, cansado de chorar por nada, por algo que não existe e que talvez nem tenha existido de verdade. Vc ainda mexe comigo, Fabiana, então eu PRECISO de tempo. Talvez um dia a gente volte a conversar, ou pode ser que isso nunca mais aconteça. Só que, por enquanto, não dá. Não consigo. Ainda sinto a sua falta, sinto uma vontade imensa de te escrever e contar as coisas que acontecem, boas e ruins, mas se eu não deixar de falar com vc, isso não vai passar. Pensei que tinha passado. Pensei que já tinha te deixado, mas não. Você permanece viva dentro de mim. E eu não quero te tratar mal por causa disso... Sorry.

by A.

[dezembro/2005]

sábado, 3 de julho de 2010

Preste Atenção

Certa vez, um homem caminhava pela praia numa noite de lua a cheia.Pensava desta forma:
se tivesse um carro novo, seria feliz;
Se tivesse uma casa grande, seria feliz;
Se tivesse um excelente trabalho, seria feliz;
Se tivesse uma parceira perfeita, seria feliz.
De repente, tropeçou numa sacolinha cheia de pedras.Ele começou a jogar as pedrinhas uma a uma no mar cada vez que dizia:Seria feliz se tivesse.
Assim o fez até que somente ficou com uma pedrinha na sacolinha, que decidiu guardá- la. Ao chegar em casa percebeu que aquela pedrinha tratava-sede um diamante muito valioso.
Você imagina quantos diamantes ele jogou ao mar sem parar para pensar?

Assim são as pessoas… jogam fora seus preciosos tesouros por estarem esperando o que acreditam ser perfeito ou sonhando e desejando o que não têm, sem dar valor ao que têm perto delas. Se olhassem ao redor, parando para observar, perceberiam quão afortunadas são.
Muito perto de si está sua felicidade. Cada pedrinha deve ser observada, pois pode ser um diamante valioso.Cada um de nossos dias pode ser considerado um diamante precioso e insubstituível. Depende de cada um aproveitá-lo ou lançá-lo ao mar do esquecimento para nunca mais recuperá-lo.

A morte não é a maior perda da vida. A maior perda da vida é o que morre dentro de nós enquanto vivemos.

********************
E você, o que anda fazendo com suas “pedrinhas”?

sexta-feira, 2 de julho de 2010

Coisas que Aquecem

Em momentos de dor e tristeza muitas vezes falamos e pensamos coisas que nem sempre estão corretas. Não sou dona da verdade e tenho apenas a minha perspectiva das coisas. Em nenhum momento me eximi de culpa. Mas falo e repito: num relacionamento que não da certo nunca erramos sozinhos.

Mas como escrevi no final das minhas lamúrias, quero acabar com todo esse sofrimento e dor, e uma das muitas formas de conseguir isso é vendo as coisas legais que estão acontecendo ao meu redor enquanto “choro”.


Quando tinha 15 anos conheci Alexandre. Feio, branco como leite, repleto de espinhas na cara, um bigodinho recém formado pela adolescência, um cabelo com um topete black terrivelmente horrível e magrela. Eu ainda tinha pensamentos que se misturavam entre criança e adulto, sem saber ao certo o que ou quem era. Uma típica adolescente. Mesmo não tendo essa definição, sabia que ele não era MESMO atraente. Mas alguma coisa atraia meu olhar pra ele. E era estranho que qto mais desviava o olhar, mais olhava... Vai entender.

Acho que ele deve ter pensado que eu estava paquerando ele, pq depois desse dia ele não largou mais do meu pé. E tanto insistiu e persistiu que namoramos. Era divertido. Passeávamos bastante. Conheci todos os shoppings de Sampa da época, comi coisas e em lugares diferentes... Por 9 meses foi assim até que sem motivos, terminei. Assim, do nada. E ele não veio atrás, então aparentemente foi bom pra ele tbm.

Nos encontramos novamente quando tinhamos 19 anos. Ele já não estava assim tão feio e já tinha um filho.

E a ultima vez que nos encontramos já tínhamos 24 anos. Estava diferente... Mais maduro, mas sem perder o jeito de moleque maluco. Depois desse ultimo encontro não nos vimos mais, nem nos falamos.



Sete anos se passaram.



Sexta-feira passada [25/06/2010] recebi um email:

Assunto: Sanny meu eterno anjo é você...

Corpo do e-mail: Eu para sempre vou te amar....porque só é possivel te amar.....adoraria te rever, te ter, comunicação via indio....qualquer coisa assim..."Pra ser sincero"



Era ele aparecendo novamente. Tanto tempo sem conversar, sem ver, sem ter notícias e ele ainda diz que vai me amar pra sempre. Doidinho como sempre.

Pouco depois ele entra no msn [nunca haviamos conversado por esse meio]. Conversamos rapidamente.



Sábado a noite na festa da cunhada a mesa vibra.

Torpedo: "Eu só quero que você saiba que eu estou pensando em você."



Adorável.

Pensei "Até quando vou viver nessa de quem eu quero não me quer e quem me quer... "



Domingo em casa a campainha sinalizando novo torpedo toca: “ Noite fria. Vontade de um abraço quente... Seu abraço quente com gosto e cheiro de um tempo inocente. Quem disse que o futuro não devolve o troco do passado." Apenas sorri e meneei a cabeça.



Ontem voltando pra casa pensando na semana dificil que passei toca o celular. Ele novamente. Eu me encontrava chorando e ele apareceu pra me fazer esquecer pelo menos por 15 min. a minha dor. Falei que não podia neste momento corresponder aos sentimentos e expectativas dele.



Já em casa, pronta para dormir chega outro: "64 km de congestionamento, Tim Maia no rádio.Eu tenho tanto calor pra compartilhar que gosto da idéia de me achar no teu olhar. Sonha Sanny, sonha vai."

Faz bem saber que existe alguém que não te esqueceu, que lembra da nosso namoro inocente de "criança" e que sente saudade. Aquece o coração.


Mas agora, e o medo que fica? Estou paralizada. Preciso enfrentar. Mas não agora.

Como uma frase que uma amiga me enviou hoje diz,


"Não ouse roubar minha solidão

se não fores capaz de me fazer real companhia"



Não quero algo que seja eterno enquanto dure. Quero que dure para que seja realmente eterno.

quinta-feira, 1 de julho de 2010

Apenas escrevendo...

[19:30]
Normalmente quando sento para postar aqui, tenho idéias pré-concebidas, coisas que fiquei pensando durante o dia ou coisas que pensei há tempos, mas nunca tinha colocado em palavras. E hoje chegando em casa senti vontade de simplesmente sentar e escrever como um desabafo. Despejar sentimentos e pensamentos que tenho guardado há tanto tempo, reprimindo, remoendo. Não quero pensar se alguém passa por aqui de vez enquanto, se preciso me preocupar com quem lê ou deixa de ler, se conheço ou não tal pessoa, afinal, pela ausência de comentários, sinto que este é praticamente um blog anônimo, e sendo anônimo posso ser mais sincera e aberta em relação a tudo o que sinto nos últimos tempos. Sem máscaras.

No início no ano passado me perguntava o que era pior, se ter o coração vazio ou cheio de alguém que não corresponde aos seus sentimentos. Naquela ocasião sentia meu coração até fazendo eco de tão vazio. Ninguém pra sonhar, pra pensar ou sentir saudade. Nada. E era ruim. Muito ruim.
No final do mesmo ano me apaixonei por alguém. Não sou dada a paixões instantâneas. Nem combina comigo, até porque sou uma pessoa muito medrosa em relação a sentimentos e coração. E até sair a primeira vez, ele era apenas um cara legal e gentil que conheci. Mas aquele encontro foi tão impressionante e único que pensei “Esse cara é o cara. É ele!”. Sim... Senti uma sintonia, uma sincronia incrível entre nossos pensamentos, planos e sonhos, e pensei que esse sim valeria a pena me apaixonar. Assim começou uma seqüência de passeios e telefonemas longos que duravam horas e horas, altas madrugadas rindo ou chorando, se identificando cada vez mais. E a cada momento junto, mais eu o queria pra mim.
Os dias foram passando e... Não deu. Ele queria que eu fosse uma coisa que eu não era, queria que logo de cara já me mostrasse incrivelmente apaixonada, sendo que sempre fui reservada. Não que não quisesse, apenas tenho uma personalidade diferente. Gosto de me entregar quando confio que aquela coisa é certa, mas ele não me deixava certeza em nenhum desses encontros. Nos dávamos perfeitamente bem. Falávamos sobre tudo sem enjoar. Quanto estávamos juntos, tudo era fantástico e mágico, mas quando íamos falar ao telefone ele se mostrava tão inseguro que simplesmente não encontrei onde me apoiar. Não podia apoiar apenas em meus próprios sentimentos, eu precisava dele. Precisava que ele me dissesse “É agora. Vamos tentar”. E ele não disse. Dizia apenas que não conseguia confiar em mim. Parecia apaixonado, mas quando pensava que a coisa ia engrenar, a insegurança batia nele de novo. E essa insegurança toda foi desgastando o que vivíamos. Ele inseguro e eu cada vez mais envolvida. E algo muito ruim aconteceu nesse meio tempo. Rolou uma certa pressão psicológica, e eu que já não estava muito equilibrada por causa de um relacionamento anterior repleto de problemas (e põe problema nisso), só piorei. No fim, ele enxergou mais meus defeitos do que minhas qualidades. Viu coisas que não existiam baseando-se em suas próprias percepções e compreendendo mal palavras que eu dizia e coisas que contava. Me cobrou tanto para que eu mostrasse o que eu sentia e queria, e ficou tão preso nisso, que não enxergou meus esforços em demonstrar. Por mais que eu fizesse, nunca era o suficiente. Tirei meus dois pés do chão para que ele visse o quanto o queria, e ao tirar, caí. E cai muito, muito feio. Me espatifei no chão porque quando estava no auge dos meus mais nobres sentimentos ele disse “Não dá”. O que eu pensava ser uma grande demonstração de carinho e sentimento ele pensava que eu estava levando tudo na “bola de meia.”
Poucos dias depois desse fim de um início que nem existiu, descobri que o que eu via nele não era exatamente a realidade. Eu julgava que ele era apaixonado por mim, que me queria tanto quanto eu o queria, mas ao atualizar o perfil do seu Orkut li :

“No poder de uma grande afeição, o impossível torna-se possível. Somos libertos do medo que nos trava. Sabemos que não temos como perder porque não temos nada a perder. Viver sem risco é arriscar não viver”.

Bonito, né?! Mas onde estava toda a afeição que parecia ter por mim em nossas conversas e encontros? Onde estava o poder que lança fora o medo? Onde estava a vontade de viver algo inédito e incrível?
Medo. Era isso que eu causava. Medo. O medo que paralisa. Que impede de tentar. De arriscar. Medo.
Sofri. E, mesmo passado bastante tempo, ainda sinto sua falta. Falta daquele cara por quem me apaixonei. O cara que me fez sonhar com filhinhos lindos de olhos grandes e cabelos lisos. Que me fez assistir algo que detesto só pra entrar no seu mundo. O cara que me fez rir até das coisas mais sem nexo e sem propósito. Que eu gostava de estar ao lado em silencio só pra sentir seu calor e seu cheiro.
Ainda lutei. Ainda quis. Ainda insisti. Passei por cima do meu orgulho e brio para passar mais um momento com ele. E foi a pior coisa que fiz. Devia ter deixado. Devia ter esquecido. Devia ter ignorado. Eu devia, mas não fiz. Apenas sofri. E sofro cada vez que me lembro desse último encontro. Me arrependo de cada palavra dita, de cada ação, de cada som que saiu da minha boca, da musica, das lágrimas. Me arrependo de não ter me valorizado e por ter permitido tamanha invasão na minha vida, nas minhas dores e nas minhas memórias.
Às vezes me pergunto se vale a pena mesmo se apaixonar, se entregar, se deixar conquistar. Sei que esses são pensamentos negativos de quem está ferido, mas a cada relacionamento que não dá certo, mais tranco, mais me reservo. E chego até a pensar que não serei mais capaz de dar algo realmente bom pra alguém que me ame de verdade...

Hoje tenho certeza que é mil vezes melhor um coração oco, vazio, do que ter o coração preenchido por alguém que não está disposto a viver com você e por você. E ainda mais terrível é quando você não superou sua dor e a pessoa já esta envolvida com outra. Isso dói. Dói demais. Mas é a vida... Pra uns corre, pra outros, como eu, passa em slow motion (que só é emocionante em vídeos).
Alguns amigos me criticam por recusar todos os convites que recebo pra sair. Mas assim como demoro a entregar meu coração, demoro o dobro pra esquecer. Não sei gostar pouco. E se amo, quero por perto. Insisto. Procuro. Defendo. Protejo. Mantenho. E não quero aborrecer pessoas que não tem nada a ver com isso com minhas lágrimas e dores. Não saio por não querer enganar essas pessoas que demonstram gostar muito, mais do que posso corresponder. Não gosto de ser enganada, porque enganaria alguém que diz me amar?

Cansei de ser boazinha e ter esse coração enorme que quer manter aquecidas em meu peito todas as pessoas que me conquistaram no passado. Cansei. Por isso, neste momento, corto laços com aqueles que só eu vou atrás. Pessoas que não me aceitam. Pessoas que me rejeitaram. Pessoas que não querem conversar comigo. Corto laços.

Cortei.

E que este seja um novo começo de uma vida onde eu me dê mais valor do que fiz até agora.

Ato os laços com aqueles que me que me aceitam assim como sou: chatinha, bravinha, com cara de “to nem ai”, implicante, dengosa, chorona... mas que tem um coração que cabe todos eles.

Agradeço a meus amigos e família que me apoiaram e me suportaram nesses momentos terríveis de dor, de lágrimas e fúria.

Desculpe derramar minha dor assim pra você. Mas meu coração assim partido não se cura em dias ou meses... E quando cura (se é que cura) deixa cicatrizes profundas e doloridas por toda a vida.


by A.
[01/07/2010 - 21:55]

terça-feira, 29 de junho de 2010

.: Diálogos Mensais :.

Primeiro mês:
- Se a gente se separar, vc vai sofrer?
- Ah... Não sei, talvez, mas vou superar.
- Hum

Segundo mês:
- Se a gente se separar, vc vai sofrer?
- Ah, vou ficar triste, será mais uma entre muitas desilusões amorosas, mas uma hora supero.
- Hum

Terceiro mês:
- Se a gente se separar, vc vai sofrer?
- Vou ficar muito, muito triste. Com certeza.
- Hum

Quarto mês:
- Se a gente se separar, vc vai sofrer?
- Sim. Sem eu não tiver vc eu morro.
- Hum. Que pena... Estive pensando melhor... Vc não é exatamente o que eu pensei pra mim...



[Esta NÃO é uma obra de ficção. Qualquer semelhança com nomes, datas e acontecimentos reais NÃO terá sido mera coincidência]

quinta-feira, 24 de junho de 2010

.: Amor :.


"... Se você amar alguém, será real para com ele, custe o que custar. Sempre acreditará nele, sempre esperará o melhor dele, e sempre se manterá em sua defesa." [I Cor. 13:7 - Biblia Viva]


Pode até ser que eu tenha uma visão errada do que é, e sei que já tive em alguns aspectos e algumas vezes, até porque meu amor não é perfeito. Já falei e fiz coisas pensando que, naquele momento, aquela era a forma certa de demonstrar. Mas quando olho para trás, vejo que nem tudo era assim tão errado nem totalmente certo. E o que é certo?

Tempos atrás me perguntaram "Como você pôde me amar tão depressa?"

O fato é que, na minha visão, amar é algo simples. Muito mais simples do que se apaixonar, porque você não escolhe por quem se apaixona, mas escolhe a quem amar. Quando se ama, dedica-se tempo, pensamentos, intenções, sonhos, orações, porque amor nada mais é que dedicação e comprometimento. E pode até ser que não haja reciprocidade, mas ainda assim faz, porque amor é amor e ponto. Não espera nada em troca. Claro que quando se diz respeito a relacionamentos, é muito mais gostoso quando ambos sentem a mesma coisa, se dedicam da mesma forma, tem a mesma visão.

Não costumo dizer "Eu te amo". Sou meio travada nesse sentido, a não ser quando sinto dentro do meu coração a vontade de dedicar meu eu àquela pessoa. Não banalizo o "Eu te amo", [apesar da visão algumas vezes errada].

Mas sei que amo quando me sinto a vontade em falar, em me abrir, em me discontrair. Quem me conhece sabe o quanto sou fechada, calada, insegura e desconfiada, Então, amo quando me sinto na liberdade de brincar e falar besteira. Quando posso ser moleque e menina. Gentil ou indelicada. Quando posso me calar ou falar como uma matraca. Amo quando me sinto livre. Livre pra escrever, livre pra ligar, livre pra resmungar, livre. Amo quando paro para fazer um bilhetinho, um cartão ou escrever um poema. Amo quando penso e desejo fazer aquela pessoa feliz, as vezes quase se esquecendo de mim, porque gosto de agradar a todos a quem amo. Gosto de fazer aquele bolo, aquele pudim, aquela lazanha, aquele strogonoff só para ver o sorriso angelical que elas dão quando se sentem amadas, mesmo quando estou cansada, com sono, chata... Faço porque amo e pronto.

E até mesmo quando a pessoa que escolhi faz algo que me desagrade, me machuque, me traia, me decepcione, não deixo de amá-la. Continuo a orar, a dedicar pensamentos, textos, poesias e... tempo. Defendo com unhas e dentes. Sempre. Mesmo magoada, machucada, traída, decepcionada.

Sei que um dia serei aperfeiçoada no AMOR. Cada vez um pouco mais, sempre que tiver em meu coração o AMOR maior.

Então, se algum dia na vida eu lhe disse "Eu te amo", pode estar certo que você é uma pessoa r e a l m e n t e amada. Não importa a distancia ou a circunstancia que nos separa. Amarei para sempre. E tenha a certeza, sinto sua falta.

by A.





Dedicado a todos meus amigos.

segunda-feira, 21 de junho de 2010

.: Nova Estação :.

Embora a maioria das coisas sejam boas em qualquer época do ano, no inverno elas recebem um “gostinho” especial. Pelo menos pra mim. Aí vão algumas delas:

Chocolate quente. Edredon. Pijama. TV. Meias. Abraço. Luvas. Campos do Jordão. Cama. Pantufa. Cappuccino da Koppenhagen. Céu aberto. Vento. Jantar romântico. Sopa. Elegância. Banho quente. Pernas entrelaçadas. A cor do céu ao entardecer. Passeios noturnos. Lareira. Morango. Fondue. Livros. Maquiagens coloridas. Noites sem luar. Namorar. Pipoca. Bebidas quentes com gengibre. Pinhão. Festa caipira. Fogueira. Pelúcia. Filmes. Patinação no gelo. Festivais...

E você, o que gosta no inverno?

domingo, 20 de junho de 2010

.: Brasil :.


O salão está cheio. Homens, mulheres, crianças, adolescentes, jovens. Acima do verde e amarelo predominante, das fitas, bandeiras, cornetas, apitos e sons, posso ver a ansiedade no olhar de cada expectador. Olhares fascinados, concentrados, vidrados. Vez ou outra se ouve um “uuuhhhhhh...” O garoto de boné com duas bandeiras cruzadas na testa roe as unhas. A grávida mastiga um apito que deveria ser usado. O de peruca verde cruza os braços na frente do corpo. Aquela que voltou a pouco do exterior apóia-se na cadeira da frente. As crianças trocam os olhares distraídos entre a tela e os outros coadjuvantes. O refrigerante fica quase esquecido nos copos. Até a menina que nem gosta de futebol está ali, sentada na primeira fila de bancos.
Na tela, os protagonistas correm pelo gramado. Pequenos pontos que vão de um lado para o outro apanham da famigerada Jabulani, ainda provocando ansiedade aos expectadores.
Do lado de cá resmungos, reclamações, vozes alteradas.
Do lado de lá bolas roubadas, faltas, contusões, bola na área, trombadas, brigas, discussões, cartões... Expectativa. Silencio. Jabulani rolando. E ela vai chegando, chegando e de repente o que era ansiedade e murmúrio se transforma em pulos e abraços e riso. Cornetas e apitos entram em ação.
O que vejo? União, mesmo que momentânea. Um mundo inteiro parado pra ver seu país jogando. Unido com as mesmas expectativas e um mesmo objetivo: ganhar a taça.
Fico pensando no quanto seria bom se isso acontecesse mais vezes, mais momentos de sorrisos, mais momentos de abraços, momentos de felicidade, momentos de expectativas, de compartilhamento de sonhos. Pensando no quanto seria bom unir pessoas com objetivos em comum, mesmo sendo tão diferentes. Homens, mulheres, adolescentes, crianças...
Em época de copa, tudo o que consigo ver ao ver todos aqueles rostos em verde e amarelo é a união que deveríamos ter todos os dias, não apenas aquele momento.
Era algo que deveria durar pra sempre!

quinta-feira, 17 de junho de 2010

.: Três Minutos :.


Sete horas e quarenta e cinco minutos. Ajeito a mochila enquanto desço do ônibus. Tenho apenas 5 minutos pra chegar ao meu destino. Olho para os lados e atravesso a avenida. Vejo a hora de novo e saio correndo. Não estou acostumada, por isso logo começo a sentir dor no peito. O jeito é caminhar apressadamente. Corro mais um pouquinho. Subo a rua e lembro do Diego. Chegou 2 min. atrasado depois do almoço e teve que voltar pra casa. Desconto no salário que já não é lá aquela coisa. Desço rua. Sete e cinqüenta. Subo rua e lembro do Cesar que chegou 3 min. atrasado por ter sido parado numa blitz e teve que pedir ao poderoso chefão pra poder entrar. Desço a rua e finalmente chego. Sete horas e cinqüenta e três minutos. Cheguei 3 minutos atrasada no trabalho. Isso mesmo, 3 minutos. Sou recebida com um olhar de condolência e um sorriso sem graça da recepcionista me desejando um bom dia. No corredor os meninos de costas pra mim recebendo instruções, olharam meio de lado com o mesmo olhar de condolencia da recepcionista, provavelmente pensando “Coitada. Essa já era.” Dona Iraci então, nem me olha. Caminhando ainda lembro da Alana desesperada me recomendando para nunca me atrasar porque isso e porque aquilo... Me passou uma lista de porquês. Entro no DP pra colocar meu dedinho lá. O ponto ainda marca sete e cinqüenta e três. Sou fuzilada com o olhar do chefe do departamento como se eu fosse um monstro a ser destruído. “O ônibus atrasou”. Pura verdade! Mas ele, claro, não acredita. A assistente não sabe se sorri ou já faz minha carta de demissão. Como dizem que quem cala consente, passei o dedinho, mesmo com o olhar de fuzilamento ainda me atravessando. Saí da sala ainda sentindo a pressão da “arma” nas minhas costas.
Atrasei.

Em um hospital, três minutos pode salvar ou matar uma vida. Numa escola, pode-se terminar ou entregar em branco uma prova. E num trabalho pode ser motivo de demissão de um funcionário.

Será?

Isso é o que acontece quando se depende de transporte público.

Antes de sair Tiago do administrativo faz uma advertencia "Foi sua primeira vez? Vixi, então prepare-se que na próxima ele te manda embora."

Por via das dúvidas, melhor me cuidar e sair com 2 horas de antecedencia.

Hã. Tudo por conta de três míseros minutos...

by A.

terça-feira, 15 de junho de 2010

What Can I Do?

Passei o dia com uma música do The Corrs na cabeça, ai chegando em casa procurei por ela, ouvi, e nessa de ir link a link, acabei caindo nessa outra que gosto muito também.
Sempre gostei da The Corrs. As meninas (e o garoto) cantam e tocam muito. Gosto das cordas, da percurssão, da melodia, das letras e da combinação de sons com voz. Perfeito!

Interessante como muitas músicas falam tanto sem a gente precisar dizer nada. Só vem o pensamento "Porque não pensei nisso antes?" Talvez porque sinta que há musica implícita em mim.
Gosto de usá-las pra expressar o que sinto, o que penso, o que vivo. E por ser assim, quando alguém canta ou me mostra uma já fico pensando "Será que quer dizer alguma coisa?" Quando me olham enquanto cantam então, ai a coisa complica... rs...

Já aconteceu com você?
Vamos supor que está no carro com alguém, e ai toca uma música que combina com a situação, e vcs sorriem, e se divertem... E vão a lanchonete, e lá esta a música tocando novamente reafirmando o momento. Mas ai, depois de um tempo, por algum motivo vc não se encontra mais com aquela pessoa e.... Toda vez que escuta aquela musica, fica lá pensando, pensando e pensando... Lembrando... Ê nostalgia...

E quando vc relaciona váaaaarias músicas com a mesma pessoa? Aí vc pensa "Puxa... Melhor não fazer isso de novo...". Mas a gente sempre faz. Não tem jeito... rs...

Coisas que acontecem... Como dizem por ai, é a dinâmica da vida...

Mas enfim, é isso ai. Viajei.. rs..

Só pra curtir um pouquinho, ai vai. "What can I do?"

Abraço a todos.

quinta-feira, 10 de junho de 2010

.:: Necessidade ::.


Da mão no rosto.
Do abraço acolhedor.
Do beijo carinhoso na bochecha.
Das mãos dadas.
Do calor na voz.
Da palavra de consolo.
Do olhar apaixonado.
Do sorriso de alegria.
Do carinho no pescoço.
Do beijo de boa noite.
Da ligação no meio do dia.
Da falta de fôlego.
Do frio no estômago.
Da febre.
Da paixão.
Da loucura.
Da adrenalina.
Da canção.


by A.

terça-feira, 8 de junho de 2010

.:: Procura-se ::.

Alguém que queira compartilhar sonhos; que goste de ouvir e também de falar. Que ria de piadas sem graça e que não precise de coisas caras para ser feliz. Alguém que goste de ler. Que reconheça o valor dos pequenos gestos. Que admire a beleza de um pôr-do-sol, da lua e das estrelas. Que caminhe de mãos dadas em um parque e que não se envergonhe de abraços em público. Alguém que sorria ao ver um cachorrinho, ou ao deitar numa rede para relaxar. Alguém que goste de falar sobre tudo, que tenha prazer em estar acompanhado. Que goste de sair, passear, comer, se divertir. Que seja cuidadoso e que ande perfumado. Que seja alegre, espontâneo, carinhoso, otimista, companheiro, simpático, atencioso, fiel, humilde, corajoso, sincero, inteligente, puro, sereno, trabalhador. Que tenha caráter, auto-estima e propósito. Alguém que não tenha medo de errar, mas esteja disposto a tentar até acertar. Alguém que ria, que cante, que dance, que chore, que fale, que brinque, que creia, que lute, que contagie, que sinta.

Procura-se alguém que eu possa chamar de “meu”.

by A.


"Eu sou do meu amado, e meu amado é meu"
[Canticos 6:3]

domingo, 6 de junho de 2010

Valentine's Day

Esta é a semana que antecede o dia dos namorados e já que é uma semana toooooda romantica, vou escrever apenas coisas relacionadas a isso...
Eu, particularmente, nunca gostei dessa data, desde q me lembro da existencia dela. Nada tem a ver com o fato de ter ou não um namorado. Apenas não gosto. Isso leva pessoas a se sentirem tristes. É como dia das mães para quem não tem mais a sua, ou dia dos pais pra quem não tem mais o seu. Dia dos namorados é triste pra pessoas que não tem com quem comemorar. Não é como o dia do abraço , beijo ou do amigo que vc pode arrumar com quem comemorar a qualquer momento. É uma carencia que não se pode suprir por um momento.

Mas pra iniciar essa semana, vou compartilhar um dos meus poetas favoritos:


Talvez

Talvez não ser,
é ser sem que tu sejas,
sem que vás cortando
o meio dia com uma
flor azul,
sem que caminhes mais tarde
pela névoa e pelos tijolos,
sem essa luz que levas na mão
que, talvez, outros não verão dourada,
que talvez ninguém
soube que crescia
como a origem vermelha da rosa,
sem que sejas, enfim,
sem que viesses brusca, incitante
conhecer a minha vida,
rajada de roseira,
trigo do vento,

E desde então, sou porque tu és
E desde então és
sou e somos...
E por amor
Serei... Serás...Seremos...


Pablo Neruda

domingo, 30 de maio de 2010

.:: Lembranças de Outra vida ::.

Sentada na cama com olhos assustados e vermelhos, olhava os estragos que havia feito. Em sua mente, como um mantra, a mesma frase se repetia. Absorta em seus pensamentos balançava o corpo freneticamente para frente e para trás. Ao redor, páginas arrancadas sem piedade de sua agenda jaziam amassadas e úmidas de lágrimas sobre o edredom. Ainda assim, sentia que isso não era o suficiente. O que mais restava? O que mais precisava? De um estalo, jogou as cobertas de lado. Lembrou-se daquele isqueiro a tantos anos guardado sem utilidade em sua gaveta. Juntou aqueles papéis , cartões não entregues, poemas escritos sem mais propósito, revistas, panfletos, tickets de entradas, tudo num bolinho, e levou ao jardim. Era aquela a hora.
Papel um, isqueiro aceso. Fogo. Papel dois, isqueiro aceso. Fogo. E assim foi... Um a um, até não precisar mais do isqueiro. A luz alaranjada aquecia sua face fazendo brilhar as lágrimas que teimavam em cair. As chamas quentes faziam crepitar a grama seca do jardim, juntamente com os papeis que, aos poucos, iam sumindo. O vento frio soprava as cinzas do que noutro tempo fora um lembrete constante da felicidade que almejava num bailar fascinante de pontos negros pelo ar, levando embora o que sobrou de seus pensamentos, atos e palavras que tanto a alegrava.
Era o passado. Perdidos desejos. Sonhos desfeitos.
Pensamentos registrados ali, agora não faziam mais parte do que deveria ser lembrado.
Palavras perdidas. Lembranças de outra vida.

by A.

terça-feira, 25 de maio de 2010

.:: Insignificante ::.


Sábado o pastor falava sobre a imensidão do universo comparado com nosso planeta e a sinapse aconteceu. Automaticamente veio a imagem de Horton. Viajei.
Sempre gostei de animações. Parece que serei uma eterna criança neste sentido, mas nem me importo. Gosto mesmo e assisto sempre que posso.

Horton e o Mundo dos Quem conta a história de um elefante que ouve um pedido de socorro numa partícula de poeira que fica presa numa espécie de dente-de-leão, aquelas plantinhas que parecem uma bolinha de pluma que quando sopramos vários frutos (ou sementes, não sei ao certo) saem voando.
Enquanto assistia e me divertia, percebia o que, naquele momento pra mim, era absurdo. Como um elefante, um animal tão grande, pode escutar alguém gritando de um coisinha tão insignificante como uma partícula de poeira! E o engraçado é que eles falavam, e Horton os ouvia. Alguns animais que viviam próximo ao elefante o ridicularizaram, e até o expulsaram de seu meio pq achavam que ele estava louco. Fizeram de tudo para separar Horton de seus amigos Quem. E quando a Quenlandia se perdeu num enorme campo de dente-de-leão, levado pelo vento, Horton os procurou incansavelmente, até os encontrar. Sua alegria foi transbordante. E por acreditar que aquele mundinho precisava de ajuda, ele os salvou.

Nós e nosso mundo comparado a grandiosidade e imensidão de D-s é um nada, como Horton comparado aos Quem. E mesmo sendo tão pequenos, Ele nos ouve quando chamamos, nos procura quando nos perdemos e nos salva não importando se seres de outros mundos não caídos pensem ser loucura. Ele nos quer tanto ao Seu lado que enviou Seu próprio Filho para vir a este mundinho insignificante, preso numa particula qualquer de poeira no universo, se tornar um de nós, e morrer para nos salvar e nos dar a vida eterna.

Ainda tem dúvidas sobre esse imensurável amor por você? Então pare de fugir e chame. Ele se alegrará, o ouvirá e o encontrará, não importa onde esteja.



by A.

domingo, 23 de maio de 2010

.:: Alucinações ::.


Sentado no banco da praça lendo o jornal.
Na livraria folheando revistas.
Na parada do ônibus com olhar distraído.
Na fila do caixa eletrônico.
Na praça de alimentação do shopping.
No carro parado no farol.
Na esquina conversando com os amigos.
Na música que toca no rádio.
Na ilustração do outdoor.
No cheiro que vem da perfumaria.
Jogando na quadra do parque.
Na loja comprando roupas.
Correndo na rua.
Cantando.
No sorriso.
Na lembrança.
No olhar...

...Porque você está em tudo!
E em todos os lugares...


by A.

terça-feira, 18 de maio de 2010

Papos de MSN

Uns tempos, atrás ouvi uma musica que achei uma graça do Michael Bubblè, sobre dores de relacionamentos perdidos, mas que no momento em que ele a encontrasse, todas as coisas dariam certo porque eles estariam juntos. E que ele apenas não a conhecia ainda. Ouvindo isso, escrevi um pequeno texto que dizia o seguinte:

Meu querido, talvez eu não te conheça. Talvez já tenha te visto. Talvez já tenhamos um dia nos relacionado. Talvez já tenhamos brigado e nos divertido no passado. Talvez vc ainda vá aparecer. Não, sei não importa. Sei que em algum momento, Deus me mostrará quem é. Afinal, orei por vc minha vida inteira! E ainda oro.
Continuo aguardando o momento do nosso verdadeiro encontro.

Coincidentemente, um amigo escreveu sobre mulheres, e no final disse que, a dele, ele ainda não a conhecia. Eu li o dele, ele leu o meu, e no fim ele disse “Será que vc é ela e eu sou ele?”. Achei engraçado, sorri, e por estar ainda ferida pelo fim de um relacionamento respondi apenas que se fosse, de alguma forma D-s nos mostraria.

Ontem conversei com ele novamente sobre isso. Dessa vez, eu que entrei no assunto.

Em 2008 conheci um carinha toooodo cristãozinho. Disse que a gente não se beijar até D-s decidir o que queria pra nós. E eu fiquei de boa. Saímos algumas vezes.... Acabei gostando dele. E quando isso aconteceu ele disse que D-s não havia respondido nada, então era melhor não ficarmos juntos. O engraçado é que, uma semana após essa conversa, ele aparece namorando uma garota que nem era cristã, e que mais tarde o afastou da igreja. Agora... Será que essa era a vontade de D-s? Porque colocar a culpa nEle de uma coisa que vc não quer?
Isso aconteceu comigo, com minha irmã mais velha e recentemente com a mais nova.. Fiquei na maior revolta. O cara diz que D-s não quer pra logo em seguida aparecer com outra garota. Não é muito mais bonito falar a verdade? Se não quer, fala logo! Sinceridade pode doer, mas é a melhor coisa que há.

E o papo de ontem foi o seguinte. Pessoas entram e sai de nossa vida o tempo todo. E não duvido que D-s que as coloque. Mas dar certo ou não, depende de nós, das nossas escolhas e decisões. Nós é que devemos nos esforçar, conquistar, apaixonar, demonstrar... E D-s nunca vai tirar nosso poder de escolha. Se queremos e temos a orientação dEle (desde que dentro daquilo que ELE deseja pra nós), podemos sim fazer dar certo. Com D-s, podemos TODAS AS COISAS.

Talvez eu já o conheça. Talvez não. Nem sei se ele existe. Mas sei que, se for pra acontecer, no momento certo, acontecerá. Quando menos esperar...



PS1: Esse amigo me pede tantas vezes em namoro brincando que se um dia isso acontecesse de verdade, eu continuaria levando na brincadeira...

PS2: Hoje penso dessa forma. Amanha posso ter outro pensamento. Sou mesmo inconstante... Vivo em constante mudança....

A.