sábado, 24 de julho de 2010

.: Vôo com destino a... Lugar nenhum? :.

Seus olhos atentos observavam cada movimento. Apertava tanto os apoios do assento que deixava as juntas dos dedos amarelas. Suas pernas mexiam de forma frenética, os joelhos para cima e para baixo. Não era a primeira vez que embarcava num vôo incerto, mas lembrar disso não aliviava o desconforto da situação. Sentia-se ansiosa, insegura, confusa. Tentava se acalmar mentalizando uma canção, orando baixinho, ou apenas... Observando. Pensava e queria descer, mas agora estava dentro, presa ao cinto de segurança e voando cercada de pessoas que não compreendiam o porquê de tanta agitação. Mas ela sabia. Ela entendia. Por tantas vezes quis fazer as coisas certas! Pensava mil vezes antes de agir. Fazia planos, traçava metas, e só então embarcava. E dessa vez não tinha sido diferente. Quando entrou naquele vôo, pensava que sabia onde ele a levaria, mas assim que decolou, percebeu que a paisagem lá fora era diferente. As coisas começaram a escurecer e ao invés de encontrar um dia ensolarado, passava por uma intensa turbulência. As nuvens escuras não a deixava ver mais adiante. A chuva castigava e agitava o avião. Fechou os olhos para não ver o tempo passar. Queria que a chuva passasse, que as nuvens saíssem e que o sol voltasse a brilhar. Queria que a rota que ela traçou a levasse onde planejou. Queria ver o que não conseguia. Queria que suas companhias fossem amigas para poder ao menos segurar sua mão e sentir paz. Mas lá estava ela nervosa, agitada, ansiosa e sozinha. Em seu pensamento, o vôo seguia com destino a qualquer lugar, ou a lugar nenhum. A chuva não passava. O vento continuava a agitar o avião. E pela janela só via as nuvens acinzentadas que cobriam, mais a frente, um lindo e brilhante nascer de sol.

By A.

[21/03/2007]

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