quinta-feira, 1 de julho de 2010

Apenas escrevendo...

[19:30]
Normalmente quando sento para postar aqui, tenho idéias pré-concebidas, coisas que fiquei pensando durante o dia ou coisas que pensei há tempos, mas nunca tinha colocado em palavras. E hoje chegando em casa senti vontade de simplesmente sentar e escrever como um desabafo. Despejar sentimentos e pensamentos que tenho guardado há tanto tempo, reprimindo, remoendo. Não quero pensar se alguém passa por aqui de vez enquanto, se preciso me preocupar com quem lê ou deixa de ler, se conheço ou não tal pessoa, afinal, pela ausência de comentários, sinto que este é praticamente um blog anônimo, e sendo anônimo posso ser mais sincera e aberta em relação a tudo o que sinto nos últimos tempos. Sem máscaras.

No início no ano passado me perguntava o que era pior, se ter o coração vazio ou cheio de alguém que não corresponde aos seus sentimentos. Naquela ocasião sentia meu coração até fazendo eco de tão vazio. Ninguém pra sonhar, pra pensar ou sentir saudade. Nada. E era ruim. Muito ruim.
No final do mesmo ano me apaixonei por alguém. Não sou dada a paixões instantâneas. Nem combina comigo, até porque sou uma pessoa muito medrosa em relação a sentimentos e coração. E até sair a primeira vez, ele era apenas um cara legal e gentil que conheci. Mas aquele encontro foi tão impressionante e único que pensei “Esse cara é o cara. É ele!”. Sim... Senti uma sintonia, uma sincronia incrível entre nossos pensamentos, planos e sonhos, e pensei que esse sim valeria a pena me apaixonar. Assim começou uma seqüência de passeios e telefonemas longos que duravam horas e horas, altas madrugadas rindo ou chorando, se identificando cada vez mais. E a cada momento junto, mais eu o queria pra mim.
Os dias foram passando e... Não deu. Ele queria que eu fosse uma coisa que eu não era, queria que logo de cara já me mostrasse incrivelmente apaixonada, sendo que sempre fui reservada. Não que não quisesse, apenas tenho uma personalidade diferente. Gosto de me entregar quando confio que aquela coisa é certa, mas ele não me deixava certeza em nenhum desses encontros. Nos dávamos perfeitamente bem. Falávamos sobre tudo sem enjoar. Quanto estávamos juntos, tudo era fantástico e mágico, mas quando íamos falar ao telefone ele se mostrava tão inseguro que simplesmente não encontrei onde me apoiar. Não podia apoiar apenas em meus próprios sentimentos, eu precisava dele. Precisava que ele me dissesse “É agora. Vamos tentar”. E ele não disse. Dizia apenas que não conseguia confiar em mim. Parecia apaixonado, mas quando pensava que a coisa ia engrenar, a insegurança batia nele de novo. E essa insegurança toda foi desgastando o que vivíamos. Ele inseguro e eu cada vez mais envolvida. E algo muito ruim aconteceu nesse meio tempo. Rolou uma certa pressão psicológica, e eu que já não estava muito equilibrada por causa de um relacionamento anterior repleto de problemas (e põe problema nisso), só piorei. No fim, ele enxergou mais meus defeitos do que minhas qualidades. Viu coisas que não existiam baseando-se em suas próprias percepções e compreendendo mal palavras que eu dizia e coisas que contava. Me cobrou tanto para que eu mostrasse o que eu sentia e queria, e ficou tão preso nisso, que não enxergou meus esforços em demonstrar. Por mais que eu fizesse, nunca era o suficiente. Tirei meus dois pés do chão para que ele visse o quanto o queria, e ao tirar, caí. E cai muito, muito feio. Me espatifei no chão porque quando estava no auge dos meus mais nobres sentimentos ele disse “Não dá”. O que eu pensava ser uma grande demonstração de carinho e sentimento ele pensava que eu estava levando tudo na “bola de meia.”
Poucos dias depois desse fim de um início que nem existiu, descobri que o que eu via nele não era exatamente a realidade. Eu julgava que ele era apaixonado por mim, que me queria tanto quanto eu o queria, mas ao atualizar o perfil do seu Orkut li :

“No poder de uma grande afeição, o impossível torna-se possível. Somos libertos do medo que nos trava. Sabemos que não temos como perder porque não temos nada a perder. Viver sem risco é arriscar não viver”.

Bonito, né?! Mas onde estava toda a afeição que parecia ter por mim em nossas conversas e encontros? Onde estava o poder que lança fora o medo? Onde estava a vontade de viver algo inédito e incrível?
Medo. Era isso que eu causava. Medo. O medo que paralisa. Que impede de tentar. De arriscar. Medo.
Sofri. E, mesmo passado bastante tempo, ainda sinto sua falta. Falta daquele cara por quem me apaixonei. O cara que me fez sonhar com filhinhos lindos de olhos grandes e cabelos lisos. Que me fez assistir algo que detesto só pra entrar no seu mundo. O cara que me fez rir até das coisas mais sem nexo e sem propósito. Que eu gostava de estar ao lado em silencio só pra sentir seu calor e seu cheiro.
Ainda lutei. Ainda quis. Ainda insisti. Passei por cima do meu orgulho e brio para passar mais um momento com ele. E foi a pior coisa que fiz. Devia ter deixado. Devia ter esquecido. Devia ter ignorado. Eu devia, mas não fiz. Apenas sofri. E sofro cada vez que me lembro desse último encontro. Me arrependo de cada palavra dita, de cada ação, de cada som que saiu da minha boca, da musica, das lágrimas. Me arrependo de não ter me valorizado e por ter permitido tamanha invasão na minha vida, nas minhas dores e nas minhas memórias.
Às vezes me pergunto se vale a pena mesmo se apaixonar, se entregar, se deixar conquistar. Sei que esses são pensamentos negativos de quem está ferido, mas a cada relacionamento que não dá certo, mais tranco, mais me reservo. E chego até a pensar que não serei mais capaz de dar algo realmente bom pra alguém que me ame de verdade...

Hoje tenho certeza que é mil vezes melhor um coração oco, vazio, do que ter o coração preenchido por alguém que não está disposto a viver com você e por você. E ainda mais terrível é quando você não superou sua dor e a pessoa já esta envolvida com outra. Isso dói. Dói demais. Mas é a vida... Pra uns corre, pra outros, como eu, passa em slow motion (que só é emocionante em vídeos).
Alguns amigos me criticam por recusar todos os convites que recebo pra sair. Mas assim como demoro a entregar meu coração, demoro o dobro pra esquecer. Não sei gostar pouco. E se amo, quero por perto. Insisto. Procuro. Defendo. Protejo. Mantenho. E não quero aborrecer pessoas que não tem nada a ver com isso com minhas lágrimas e dores. Não saio por não querer enganar essas pessoas que demonstram gostar muito, mais do que posso corresponder. Não gosto de ser enganada, porque enganaria alguém que diz me amar?

Cansei de ser boazinha e ter esse coração enorme que quer manter aquecidas em meu peito todas as pessoas que me conquistaram no passado. Cansei. Por isso, neste momento, corto laços com aqueles que só eu vou atrás. Pessoas que não me aceitam. Pessoas que me rejeitaram. Pessoas que não querem conversar comigo. Corto laços.

Cortei.

E que este seja um novo começo de uma vida onde eu me dê mais valor do que fiz até agora.

Ato os laços com aqueles que me que me aceitam assim como sou: chatinha, bravinha, com cara de “to nem ai”, implicante, dengosa, chorona... mas que tem um coração que cabe todos eles.

Agradeço a meus amigos e família que me apoiaram e me suportaram nesses momentos terríveis de dor, de lágrimas e fúria.

Desculpe derramar minha dor assim pra você. Mas meu coração assim partido não se cura em dias ou meses... E quando cura (se é que cura) deixa cicatrizes profundas e doloridas por toda a vida.


by A.
[01/07/2010 - 21:55]

Um comentário:

Klíssia disse...

Oi Ale, tudo bem? Encontrei seu blog através das minhas andanças,rs! E ao terminar de ler seu post fiquei aqui pensando: Você não é a única e não será a última. Todos temos feridas na alma, que muitas vezes demoram a cicatrizar. Dizem que com o tempo isso passa, mas o tempo também é traiçoeiro, dói demais esperá-lo passar, rs! Bem vinda ao clube...estamos aqui para nos ajudarmos, (caso queira)! Adorei o blog. Já peço licença para te acompanhar. Bjinhos.